segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Os Jogos da Minha Vida – Parte 1

(Ed. Mais uma excelente contribuição do meu caro amigo Mário Ferreira, que resolveu colocar "no papel" aquilo que tantas vezes nos passa pela cabeça e que é tema recorrente sempre que falamos sobre jogos: quais os jogos que permanecem na nossa memória.)


Quando pensei em fazer este artigo, a ideia era escrever sobre os dez jogos que na minha opinião se poderiam definir como os melhores jogos de sempre.

Apercebi-me, contudo, que tal não era fácil: Os videojogos tem vindo a sofrer evoluções gráficas e sonoras que os tornam claramente superiores aos seus predecessores, mas no entanto isso não significa obrigatoriamente um maior grau de entretimento oferecido.  A satisfação que se obtinha na altura, ao desfrutar de muitos jogos agora completamente ultrapassados, com gráficos monocromáticos e meros "piiis" como som, era igual ou superior à que agora é obtida em muitos dos jogos modernos - apesar dos seus gráficos ultra detalhados e banda sonora orquestral.

Assim, perante este dilema e a dificuldade efectiva em referir os dez jogos que mais prazer me deram jogar, resolvi optar por fazer não uma única escolha que se revelaria forçosamente injusta, mas sim múltiplas escolhas associadas a máquinas e períodos de tempo.

Mesmo assim, não foi fácil limitar o número de títulos aos dez pretendidos, pois analisando todos os jogos que já me passaram pelas mãos e que me deram tremendo prazer jogar, a lista começou a crescer tremendamente.

Dividi assim a minha escolha a várias etapas: a pré-1984, onde já tinha contacto com computadores mas efectivamente não possuia nenhum; a minha era 8-bits com o ZX Spectrum; a minha era 16-bits com o Atari ST; e posteriormente várias épocas divididas em períodos de 5 anos com os vários PC’s e consolas que possuí.

O resultado final é não só um apanhado daqueles que, na minha opinião, foram os melhores jogos que joguei, mas também um passeio pelas memórias do passado que muitos irão com toda a certeza apreciar.

Fiquem então com as minhas escolhas, esperando que estas vos tragam a vocês memórias de tempos já longínquos muito bem passados.

1ª Etapa – Período anterior a 1984

Este período foi para mim marcado por três tipos de máquinas. As famosas Game & Watch (maquinetas de jogos de cristais líquidos, que agora se adquirem nos chineses, com jogos de muito pior qualidade que os originais, a 2.5€), e que foi efectivamente o primeiro sistema electrónico de jogos que possuí. No entanto, ainda nesta época tive acesso a alguns computadores de familiares, o célebre ZX 81, uma máquina com 1 KB de Ram e um dos primeiros computadores acessíveis ao público em geral; bem como um PC equipado com um Intel 8088, o predecessor dos célebres x86. Foi uma época de fascínio, pois como miúdo que era, as tecnologias e os jogos existentes, por muito maus que possam agora parecer, eram uma fonte de deslumbramento e encanto.





Para este período destaco os seguintes jogos (e nesta fase não chego sequer ao limite de dez jogos propostos):


Afundar o Bismark – ZX 81 - 1980

Infelizmente não há imagens deste jogo. Mas o seu conceito era a coisa mais simples que podia existir. Um amontoado de símbolos representava o famoso navio alemão que era colocado aleatoriamente no fundo do ecrã. A distância ao canto esquerdo do ecrã variava, e o jogo consistia apenas em indicar uma potência de tiro introduzindo um número de 1 a 9.
Após a sua introdução um * percorria o ecrã indicando o local onde o obus explodia. A cena repetia-se até se acertar, sendo que o jogo indicava o número de tentativas gastas. Jogado com amigos ganhava o que acertasse em menos tentativas.

Golf – ZX 81 - 1980

Mais uma vez não há imagem para este jogo. O conceito era em tudo semelhante ao do Bismark, mas algo mais completo. Um “P” representava a bandeira sobre o buraco num green de golf e um “o” a pequena bola. Mais uma vez apenas nos era solicitada a força de 1 a 9, mas agora os buracos tinham um “PAR” (numero de tacadas previstas). Desta forma interessava fazer o percurso todo no menor número de tacadas possíveis, preferencialmente fazendo “birdies” (uma pancada abaixo do “PAR”), “eagles” (duas baixo do “PAR”), ou um albatross (três abaixo do “PAR”). Muito simples mas para a altura era um excelente entretimento.

PACMAN – ZX 81 - 1982

Um jogo baseado num grafismo deveras rudimentar, mas que foi uma das primeiras implementações caseiras do famoso PACMAN, um título que por mérito próprio ganhou um lugar na história dos videojogos. Como tal, tendo sido a primeira versão deste jogo a que tive acesso não a podia deixar de referir aqui.



PARATROOPER – MS-DOS PC 8088 - 1982

O que dizer de paratrooper? A imagem diz tudo! Um pequeno canhão, capaz de rodar 180º tinha de abater os paraquedistas antes de estes chegarem ao chão.
Naturalmente abater os helicópteros tinha bónus pontual para álem de eliminar as fontes de arremesso de soldados, mas o fundamental era garantir que os soldados uma vez nos paraquedas não chegavam ao solo, local que, depois de atingido, estava fora do nosso alcance de tiro.
Os pequenos soldados presentes no chão dirigiam-se então para perto da nossa torre, e depois de terem uma pequena pirâmide humana formada por cinco soldados, lançavam uma granada que nos destruía o canhão. Muito evoluído e interessante, com movimentações super fluidas.


IBM ALLEY CAT – MS-DOS PC 8088 - 1984


Um dos primeiros jogos comerciais para PC a que tive acesso, Alley Cat punha-nos no controlo de um pequeno gato que tinha de andar a explorar caixotes do lixo e a saltar de janela em janela pendurado nas peças de roupa que se encontravam a secar. Dentro das diversas casas havia objectos para apanhar, mas também havia que fugir da temida vassoura que nos perseguia, Simples e divertido, até porque os gráficos para a época eram do melhor que se fazia.


Shuttle Voyage – Game & Watch - 1984


Shuttle Voyage era extremamente simples, mas igualmente viciante. A ideia era deslocar o space shuttle numa linha recta que partia do pequeno planeta azul até Saturno. Pelo caminho apareciam diversas naves e satélites dos quais a nave se podia desviar praticando pequenas correcções na rota. Na fase final do percurso havia que aguardar por aberturas na linha de asteróides que rondavam Saturno, o que nos expunha ainda mais. A sequência era repetida constantemente, mas o ritmo a que os oponentes se mexiam ia aumentando progressivamente. Repetitivo, mas viciante (e ainda funciona).


Na 2ª Parte - iremos abordar o Período de 1984 a 1988

5 comentários:

  1. Muitas horas perdidas a jogar AlleyCats e Paratrooper no Sinclair PC200 ( http://www.old-computers.com/museum/computer.asp?st=1&c=85 ), o meu primeiro computador a sério

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  2. Lembra-me disso... Foi lançado em 1988 e já tinha um 8086. E foi o primeiro PC verdadeiramente acessível ao grande Público. Nessa altura já possuía um Atari ST, que como verás no período de 88 (daqui a 2 dias) era bastante superior a tudo que o PC possuía.
    Mas mais relevante é saber que estas recordações são partilhadas e aqui até levantas uma curiosidade relativa à fraca evolução dos jogos PC. 6 anos após ser lançado o paratrooper ainda era um dos grandes jogos para PC.

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  3. Esta tua retrospectiva lembrou-me uma série de 3 episódios que esteve a dar na BBC por esta altura: Electric Dreams. Cada episódio é relativo a uma década (anos 70, 80 e 90) em que usam uma família como cobaia e só lhes permitem usar a tecnologia da época. O entretenimento é um dos pontos chave da série e temos uma clara noção da evolução que este sofreu nos anos 90.
    Aconselho a toda a gente ver, quer tenham vivido essas décadas ou não.

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  4. @Mário

    Não te esqueças que naquela altura o PC não era visto como plataforma de jogos - demorou muitos anos até que a capacidade começasse a sair dos modos gráficos básicos de 4/16 cores, enquanto outros sistemas era já muito mais avançados e mais atractivos para o mercado dos jogos (Atari, Amiga, consolas. :)

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  5. Carlos... Acredites ou não a Sinclair quando lançou o PC200 (na realidade um amstrad) pretendia concorrer com o ST e o AMIGA. Um bocado ridiculo, mas a realidade é que mesmo assim vendeu bastante. Mas repara no pormenor : 512 kb, discos 3.5 720kb, 8 mhz cpu. Mais curioso é que a caixa é a de um atari 520 st, mas preta em vez de branca.

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