Não, esta história nada tem de assombrações nem mete medo a niguém. Pelo contrário, é um inspirador relato de como a tecnologia nos pode fazer relembrar aqueles de quem mais gostamos, das formas mais inesperadas.
Para muitas pessoas da minha geração, relembrar a família desaparecida é algo que habitualmente está associado a abrir baús empoeirados e álbuns de fotografias antigos. Mas para quem já passou a maior parte do tempo neste novo século, há algumas coisas que não deixam de ser interessantes.
Num vídeo que abordava precisamente a questão dos jogos poderem proporcionar uma experiência "espiritual", surgiu um tocante comentário de um rapaz, agora nos seu 17 ou 18 anos. Quando tinha apenas 4 anos, lembra-se do tempo em que o seu pai comprou uma XBox (a "original") e do tempo que passavam a jogar juntos. Quando o seu pai morreu, tinha ele 6 anos, colocou a XBox de lado e não mais a ligou.
Cerca de uma década mais tarde, lembrou-se de voltar a ligá-la... e encontrou uma coisa curiosa.
Num dos jogos de automóveis que costumava jogar com o seu pai - Rally Sports Challenge - encontrou o "carro fantasma" do seu pai. (Para quem não sabe o que é, é um carro que repete a nossa melhor volta -ou de outra pessoa- para que possamos ter uma melhor noção se estamos a fazer melhor ou pior do que ele).
Nesta velha consola, desligada há mais de uma década, este rapaz encontrou uma velha memória, viva, do seu pai; com o qual continuou a poder jogar. E assim o fez, jogo após jogo, sempre competindo com este carro fantasma; até que por fim, um certo dia, finalmente conseguir superar o carro fantasma e ultrapassar o seu pai. E no momento de passar a meta... parou, deixando o carro fantasma passar, para que esta sua melhor volta não apagasse a que tinha sido deixado ficar pelo seu pai.
[republicado do Aberto até de Madrugada]
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