domingo, 28 de junho de 2020

The Last of Us 2 [sem spoilers]


Já terminei o The Last of Us: Part II, que passo a colocar no topo da lista dos melhores jogos PS4 até à data (e de sempre), e aqui estão as primeiras palavras sobre ele, com o cuidado de não falar demasiado para não estragar o jogo para quem ainda o estiver a jogar.

Antes de mais, uma pequena introdução: durante anos fiquei bastante irritado com muitos dos jogos PS4 que nos tentam impingir frequentemente uma história com cut-scenes. É certo que havia excepções, mas por norma era logo motivo para só me querer fazer "despachar" o jogo (ou até ficar logo por ali). Claro que com Last of Us (e outros, como a saga Uncharted) isso não se aplica; aliás, passa a ser quase o oposto: este é um daqueles jogos que facilmente se aguentaria todo o jogo a decorrer como um filme - e esta parte 2 leva isso ainda mais a sério, sendo o novo exemplo de referência do que deverá ser um "filme interactivo".



Tecnicamente, o Last of Us 2 eleva a fasquia para um nível que não imaginava ser possível na PS4, e estou a falar da PS4 "normal" e não de uma PS4 Pro. A PS4 há anos que tem jogos com gráficos de luxo, no entanto há sempre toda uma série de detalhes que já nos habituamos a desculpar por "ser assim"; quer sejam brilhos estranhos nos olhos ou bocas dos personagens, ou coisas mais estranhas como mãos e pernas a entrar pelas paredes ou objectos no cenário. Neste jogo, estamos pela primeira ver perante um jogo que recria um nível de realismo onde nada falha (a não ser que se seja mesmo picuinhas). Toda e cada cena do jogo faz-nos acreditar que estamos perante um mundo real, e para isso também contribui o espectacular desempenho dos personagens, que finalmente espelham toda uma série de emoções subtis sem parecer que se está a olhar para um cara feita por computador. Junte-se a isto alguns detalhes curiosos, como ter os personagens a reajustarem-se ligeiramente quando se sentam, ou outros trejeitos naturais a que habitualmente nem damos valor, e ficamos com o tal mundo "real" que contribui para a imersão. (Bónus para também não existirem tempos de loading "visíveis", sendo dissimulados com mestria ao longo do próprio jogo; e do próprio tutorial de várias acções estar também integrado no próprio gameplay.)



O jogo começa com Ellie e Joel a viverem uma vida pacífica em Jackson - tanto quanto possível num mundo pós-apocalíptico onde ainda é necessário manter vigilância contra os "zombies" - mas depressa as coisas mudam e os nossos personagens têm que embarcar numa aventura, cujos desenvolvimentos ficarão para a review Part II, já com spoilers. :) (Mas posso dizer desde já que achei a história fenomenal, tal como a forma como foi contada.)


A polémica sobre o jogo

O jogo tem sido alvo de bastante polémica, com campanhas de jogadores que têm tentado afundar o jogo nas pontuações, e que até chegam a partir o disco do jogo para mostrar o seu desagrado. Há várias facções de "reclamantes"; temos os que continuam a não aceitar que um jogo dê destaque a uma protagonista feminina lésbica, ou que retrate tais relações; há outros que se sentem enganados / traídos pela Naughty Dog, por ter escondido alguns dos elementos da história com trailers que tinham sido manipulados e que não acontecem durante o jogo. Seja o que for, cada um terá sempre direito à sua opinião, desde que também aceite que isso é válido para quem não concorda consigo.



Confesso que, tendo apenas acompanhado a polémica "de longe" (não queria spoilers antes de terminar o jogo), até pensei que fosse devido a alguma cena particularmente horripilante durante o jogo; coisa que não veio a acontecer (há várias cenas particularmente marcantes, sem dúvida; mas nenhuma que me pareça justificar um nível de "polémica"). Muito pelo contrário, todo este The Last of Us 2 funciona como uma ferramenta educativa, que - espero eu - possa contribuir para que todos comecem a olhar para o mundo em seu redor de outra forma, prestando atenção às verdadeiras questões sem se distraírem com aquilo que não é o essencial... coisa que quem tem fomentado a tal polémica em torno do jogo parece ter falhado em compreender.

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