GTA IV - Maturidade e evolução

É espantoso como a série Grand Theft Auto evoluiu ao longo dos anos!

GTA

A primeira versão apresentava um jogo 2D, com uma visão aérea sobre a cidade, apenas com os edifícios feitos de forma tri-dimensional o que permitia uma ideia maior de profundidade bem como acrescentar um maior realismo à cena. GTA foi um grande jogo para a época e cujas ideias ainda hoje se revelam inovadoras, onde apesar do 2D a maior parte das ideias e conceitos existentes na série já se encontravam implementadas




GTA London 1969

GTA 2 denominado de Grand Theft Auto London: 1969 foi um amadurecer das ideias e do conceito do primeiro jogo. Foram introduzidos gangs rivais e as missões tornaram-se mais complexas. O jogo melhorou graficamente, mas apenas no detalhe dado aos sprites e animações pois todo o conceito se manteve 2D.





GTA III

GTA 3 foi uma revolução. O jogo abandonou o seu ambiente 2D para se apresentar num glorioso 3D. Mesmo para a época o jogo revelou-se revolucionário com um 3D excelente, e uma representação de Liberty City (Baseada em Nova Iorque) bastante alterada relativamente aos jogos anteriores, mas totalmente modelada a 3D e onde o jogador se podia mover livremente com a amplitude de acções reconhecidas na série. O jogo apresentava igualmente cutscenes totalmente 3D realizadas com o motor do jogo

A implementação do universo 3D foi soberbamente realizada ao ponto de tornar GTA um sucesso imediato. Com GTA 3 a série ganhou fama mundial e tornou-se uma referência nos videojogos. Existiam porém alguns pontos fracos que podiam ser melhorados no futuro, como a inexistência de helicópteros ou aviões (Nota: na realidade havia um avião sem asas que podia voar, mas exigia muita perícia), e a repetição de carros numa mesma área (Nota: Efectivamente os carros repetiam-se tremendamente e era comum vermos ruas cheias de carros que apenas diferiam na cor.). O jogo possuía também uma história muito simplificada, onde simplesmente tínhamos de realizar as missões para ganhar dinheiro e enriquecer chegando ao fim do jogo. A personagem, Claude, não tinha uma verdadeira história e é apenas apontado como alguém que traído pela sua namorada Catalina, durante um assalto a um banco acaba preso, pretendendo agora vingar-se e chegar ao topo. Toda a história é apenas uma sucessão de missões cada vez mais complexas que ajudam exactamente nessa ascensão, mas sem referências ou desenvolvimentos à história da personagem.

O realismo aportado por GTA 3, associado a toda a violência da série levou a que o jogo ficasse igualmente conhecido pela negativa, com proibição de venda em alguns países e discursos inflamados de muitos políticos sobre a moralidade de tal jogo onde se podia roubar, pilhar, matar e visitar as prostitutas.






GTA: VICE CITY

Após o sucesso de GTA 3, e dos milhares de fans que se uniram em torno deste jogo que oferecia uma liberdade de acções extrema, a produtora, RockStar estava em cheque. A sua nova incursão no universo GTA iria ter de se superar e conseguir-se um jogo ainda melhor.

Surge assim GTA Vice City! Passado em 1986 e numa nova cidade, desta vez baseada em Miami, Vice City resolvia os problemas da versão anterior acrescentando como bónus muitos novos extras e um mapa com uma cidade 4 vezes maior do que Liberty City.

Refinado graficamente, com novos modelos de carros, missões mais variadas, a inclusão de motas e acima de tudo a capacidade de se usar helicópteros, Vice City superou em todas as vertentes o seu antecessor. Como único ponto mais fraco apontava-se o desenvolvimento da personagem. Tonny Vercetti não possuía um verdadeiro carisma. Trabalhando para a família Forelli vem a Vice City para realizar uma negociação que dá para o torto. A história é apenas a ascensão deste no mundo do crime de forma a recuperar o dinheiro em dívida, e a sua ascensão ao topo do mundo do crime, sem que nunca se saiba mais do seu passado, mas independentemente de tal, a acção e a qualidade das missões estavam mais refinadas do que nunca, assim como se assistia a alguma melhoria gráfica que sem ser assombrosa se revelava significativa.






GTA SAN ANDREAS

Para suceder a Vice City a Rockstar surpreende-nos com GTA SAN ANDREAS. Desta feita o mapa de jogo é cerca de 5 vezes superior ao de Vice City, possuindo não a reprodução de uma cidade, mas sim a reprodução de um estado Americano, possuindo várias pequenas aldeias e 3 cidades com dimensões semelhantes a Vice City, e é ainda hoje o maior e mais detalhado GTA de sempre.

Acrescentando novas funcionalidades, novos veículos, aviões, bicicletas e dezenas de edifícios visitáveis, o conceito de territórios e gangues, San Andreas apresenta-se como o GTA mais completo até hoje.

As melhorias gráficas face a Vice City são poucas, mas no entanto o ponto fraco da série, a história do personagem principal é resolvido com esta versão. O detalhe colocado neste jogo revelou-se extremo. Não só nos podemos cruzar com a personagem principal de GTA 3 (Claude) bem como com a sua namorada Catalina que mais tarde o viria a trair (ver 1ª foto), como também podemos inclusive viajar para Liberty City, a cidade desse mesmo jogo para efectuar uma missão. A lista de veículos, aviões, motas e bicicletas é enorme, com carros de combate, aviões de guerra, tractores, etc. Podemos inclusive interagir com determinadas partes do cenário, como os campos de basquetebol, onde podemos tentar “fazer uns cestos”





A série GTA contou ainda com duas novas versões, GTA LIBERTY CITY STORIES e GTA VICE CITY STORIES, ambas desenvolvidas para a PSP e que viram igualmente uma versão PS2. No entanto, estas versões pouco ou nada de novo trouxeram à série, não tendo tido o cuidado no desenvolvimento que vimos em San Andreas, sendo basicamente jogos muito semelhantes a GTA 3 e GTA Vice City em conteúdo, até porque partilhavam as cidades que haviam já aparecido nesses jogos. Estas versões, por terem sido desenvolvidas para tecnologicamente inferior PSP, possuíam um grafismo muito pobre e mesmo inferior ao de GTA 3, bem como um conteúdo relativamente reduzido devido à pouca capacidade de armazenamento do UMD.

Apesar de nada ser desvendado sobre o passado de Carl Johnson, a história revela-se das mais complexas ao ter de subir no mundo do crime, vingar a morte da sua mãe e livrar-se de dois polícias corruptos que coagem e dominam.

Pelo séquito de fans, e pela qualidade que sempre foi colocada em GTA, a versão de GTA, denominada de GTA4 para as consolas de nova geração eram aguardadas com extrema antecipação. Seria este o jogo definitivo da série GTA? É o que vamos ver de seguida.


GTA IV

Após a dimensão e liberdade de acções e possibilidades de San Andreas, GTA IV foi em parte uma decepção. O jogo não implementa muitas das novas opções como o controlo de territórios e gangs existentes em San Andreas. Da mesma forma as missões de roubo nocturno a residências foram igualmente subtraídas, assim como o tamanho do mapa desceu face ao apresentado em San Andreas. Os aviões foram também removidos do jogo, apesar de se manterem os helicópteros.



Mas tudo de mau acaba por ai. A cidade de Liberty City volta a ser novamente protagonista, mas desta vez a cidade encontra-se muito, mas muito mais completa. Não só é tremendamente maior, sendo mesmo maior do que Vice City, mas o nível de detalhe encontrado é incomensuravelmente superior. Não só as texturas são a um nível nunca antes encontrado na série, como o número de polígonos no ecrã é tremendamente superior, conferindo um realismo nunca antes encontrado na série, especialmente nos modelos dos carros.



A cidade está mais fluida, com os peões mais interactivos nas diferentes horas do dia, tráfego diferenciado e movimentos das personagens mais realistas. Além disso, há uma maior interactividade das pessoas umas com as outras: Podem estar a ler livros, a jogar na rua, etc. A cidade do jogo está mais realista, tornando-se mais parecida com uma metrópole moderna, cheia de publicidade, peões apressados, prédios altos e abundantes nas regiões centrais e uma aparência mais tranquila em áreas residenciais.

Desta vez a cidade recria todos os distritos de Nova Iorque, com excepção de Staten Island que foi omitida e substituída por uma parte de Nova Jersey.



"Niko" Bellic é a personagem principal, e desta vez uma personagem com história. Ao contrário dos anteriores GTA’s não sabemos a história de Niko nos primeiros minutos sem que depois se volte a falar dela. Aqui ao longo do jogo vamos sabendo mais sobre o passado da personagem e os motivos que o levaram a Liberty City. As cutscenes para as missões estão presentes, atingindo aqui quer graficamente, quer a nível da qualidade dos diálogos, níveis nunca antes atingidos. A qualidade dos diálogos está o nível do que de melhor se faz actualmente em Hollywood.


O jogo em si amadureceu muito! Não só o fez graficamente a nível do detalhe colocado nos pormenores, como também o fez a nível do realismo da condução (que para muitos se revela difícil), das animações e dos resultados dos acidentes (agora somos “cuspidos” pelo vidro em caso de embate a grande velocidade), da interactividade, dos diálogos, e acima de tudo da forma como se faz a progressão na história. Niko pode agora, ao melhor estilo de “gears of war” refugiar-se numa parede ou carro saindo para disparar, podendo igualmente disparar “às cegas”.

Niko é dotado de um humor que o caracteriza, mesmo face a situações adversas sendo frequente rirmos das suas piadas, e que nos leva a depreendermos a sua preocupação em situações mais extremas em que ele se abstem de mandar a sua habitual piada.

GTA IV é sem sombra de dúvida o melhor GTA de sempre, e só se lamenta não ter a amplitude de acções e a dimensão de San Andreas. No entanto a limitação do DVD imposta pela Xbox 360 caracterizou essa imposição pois o espaço foi rapidamente usado com as novas texturas e geometria.






Comparação qualidade gráfica GTA III - GTA IV





Escrito por Mário Ferreira